segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Joga fora no lixo?

Começo a acreditar que o fato de ter feito História não foi uma ótima idéia. Não só pelo "amplo" mercado de trabalho que está a minha espera como pela consciência única que me proporcionou, que faz eu me sentir um alien no mundo contemporrâneo! Ou melhor, foi uma ótima idéia!
Essa porcaria de pós-modernidade, que eu ainda estou tentando entender o que é, resolveu jogar a criança com a água da bacia, tudo pela janela!
Ótimo, eu entendo que não podemos continuar fazendo a mesma coisa do século passado, retrasado... Infelizmente eu nasci no tempo errado, fazer o que? Mas também não podemos esquecer de onde vem esse conhecimento que temos hoje.
Numa conversa de busão com um garoto do qual copiei a perspectiva de desenhar grama na primeira série primária, minha primeira revolta. Descobrindo que ele fazia arquitetura na Usp, fiz a minha pergunta romântica:

- "E, se você quiser projetar uma catedral gótica, você saberia?"
- "Não!"
- O.O Por que??? Afff nossa!!!! Vocês não aprendem isso na Fac?
- "Não, porque não seu usa mais isso, ninguém vai querer construir uma catedral gótica!"

A minha indignação não era pelo fato de não se construir mais catedrais góticas, o problema era não saber mais como se faz!!! Uma sabedoria que a humanidade demorou milênios pra desenvolver e pluft! Sumiu! Não presta pra mais nada, nem pra gente saber como chegamos na maldita e burra simplificação da forma!

Começo a trabalhar com estagiários de arte, e novamente a romântica pergunta:

- "E se você quiser fazer uma escultura em mármore, você saberia?"
- " Não"
- O.O Por que? Aff nossa!!!! Vocês não aprendem isso na Fac?
- "Não, porque não se usa mais isso, na arte contemporânea, ninguém vai querer esculpir em mármore, isso foi o tempo de Michelângelo! Agora é privada de ponta cabeça!"

Artistas que não sabem a incrível e elaborada técnica que também demoramos milênios pra desenvolver! O mesmo podemos dizer de todas as áreas do conhecimento. E isso me parece tão infantil quanto uma criança que descobre a calculadora e se pergunta:

"Pra que preciso aprender a fazer os cálculos se a calculadora faz por mim?"

Se tivermos que abandonar a terra e começar tudo de novo em outro planeta, seremos Neandertais novamente!
É por isso que a cada dia eu agradeço o meu professor de canto.

- "Quero fazer canto popular!"
- "Ótimo, primeiro vamos aprender canto lírico, então você terá todo o conhecimento e as técnicas que existem para depois fazer canto popular com esse know-how"

UAUUUUUU!!! *____*

Se a humanidade desenvolveu a maravilha de técnica que é o canto lírico, porque vou simplesmente pular todo esse conhecimento?
Viva a modernidade que nos faz evoluir e encontrar melhores maneiras de representar e até mesmo contestar o que estamos vivendo! Mas por favor, eu quero conhecer os caminhos!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Tomei um calmante, um excitante e um bocado de gim

Mesmo tendo todo um histórico de querer revolucionar o mundo (vide formação em história) as vezes fico propensa a me acomodar... as vezes tudo o que eu quero é sossego.
Mas não sei ficar quieta, não consigo ficar parada num lugar, quero sempre movimento, estou sempre a mil por hora. Por isso sempre estranhei esse povo que toma excitantes. No tópico anterior lá estava eu metida por acaso com uma drágea dessas e constatei por A mais B que isso é uma bela enganação.
E outra, nunca vi geminiano precisar de excitante, eu me sinto a formiga atômica! Tento meus próprios estoques internos de afentamina, adrenalina e etc. E nem preciso fazer muito esforço, tudo está ao alcance uma nova mania.
Tenho pilulinhas de vários tipos, a minha preferida é uma preta pequenininha, o nome dela é "Piafilina", faz um bem que ninguém me faz, outra do mesmo tamanho se chama "Miriol", eu não sei viver sem e fim. Tem também"Placidril", além de "Buarquilina", "Gardelol", "Bethanizona" etc etc etc
Todas essas drogas me causam uma euforia e tanto, uma felicidade que dura meses, muito mais efetiva e duradoura que qualquer pilulinha de papel (do Frei Galvão?)
O fato é que as vezes preciso descansar, quero deitar a cabeça no travesseiro e dormir sem sonhos, por horassss, por diasss, por mesesss, seria maravilhoso poder hibernar!
Em vista desse problema de faniquito recorro a outro tipo de medicamento... Já dizia minha profa de psico: a droga do século XXI é o analgésico, ninguém agüenta mais dor. FATO! E de quebra você ainda ganha uma letargia de presente, viva o tylenol!
E é exatamente aqui que entra minha concordância com certos métodos (fictícios ou não) anti-revolucionários. Não seria maravilhoso se pra qualquer problema pudéssemos tomar "SOMA"?
Huxley tinha razão!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Estupidez paralisia e o pulso ainda pulsa

Eu e minha odisseia no espaço de uma sala de 8 x 3 m... O que me aflige não é a matéria escura mas o ar condicionado que afeta físicos e mentes.
Do alto da minha ignorância, creio eu q estou sendo afetada por enquanto apenas fisicamente, mas na verdade estranhas moléculas transparentes engolem todos os dias partes da minha massa cinzenta. Fenômeno que procura ocultar seu próprio desenvolvimento. Não sei que definho e vou definhando.
Resfriados constantes já me atrapalhavam a promissora carreira de cantora em Quixeramobim, quando após a notícia terrificante de que eu, a herege traidora, interpretaria a Rosa na redoma de Cristal, caí doente do pior dos males, dor de garganta.
E ao tirar a culpa de seus ombros, o não tão nobre fidalgo que me paga, levantou hipóteses sobre uma possível falta de técnica. Reunindo toda finesse na qual fui criada, a primeira frase que me surgiu na mente foi "falta de técnica de c... é ro...". Mas não foi no que acreditei, meu super-ego negativo e atuante aproveitou pra me cobrar as horas a mais de msn e as horas a menos de vocalizes, tudo isso muito injustamente.
Resultado: aulas a menos, lágrimas a mais e Claritin D. Droga milagrosa que me prometia o fim da renite, garganta de ouro, menos apetite, maior disposição e melhor humor. Nada mal para quem está "a dois quilos do verão"!
Mas na verdade, o que eu ganhei foi voz de caverna, dor de cabeça, enjôo, dor de estômago, tontura, insônia... e o pulso? sei lá, mas a pressão a 10 por 6!

Quanto ao intelecto, neste lugar onde não faço nada de realmente inteligente, ele definha. Quando saía daqui correndo para as aulas do Júlio, tudo cheirava a "Real Maravilhoso" ou a "Realismo Fantástico", hoje tudo cheira a comida ruim. Fruto da peste que corrói meus neurônios.
Não leio nada de estimulante a não ser que me esforce para me manter acordada no fretado, já q além das 13 horas habituais que gasto aqui em vão, me foi adicionada mais uma, maldito governador! Tenho certeza de que ele não compensa o feriado de Natal.
Estou lendo agora "Ensaio sobre a Cegueira", pra ver se abro os olhos... Um deleite! As vezes a história me escapa e eu me prendo no estilo, que gênio esse Saramago! Assim como o Llosa, o Garcia Marques, o Chico...
Chego a conclusão de que os prazeres intelectuais são os mais intensos e os que duram mais... Elis continua gritando do lado de lá, que "viver é melhor que sonhar". E eu continuo pensando que sonhar é tb viver...

"Sonho lúcido e fantasia encarnada, a ficção nos completa - a nós, seres mutilados, a quem foi imposta a atroz dicotomia de ter uma única vida, e os apetites e as fantasias de desejar mil outras. Essa é a verdade de que as mentiras da ficção expressam: as mentiras que somos, as que nos consolam e que nos desagravam das nossas nostalgias e frustrações."

Mario Vargas Llosa - A Verdade das Mentiras

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sobre Don Juan de Placi

A jovem violinista caminhava apressada pelos corredores do Teatro Municipal de São Paulo. A pouco tempo ela conseguira a glória que sonhara por toda sua vida, era a mais nova integrante da orquestra principal em todos os sentidos, a mais recente e a mais lolita, no frescor dos seus 23 anos, ou no suor deles por ter tido toda uma vida de adolescente dedicada ao violino.
A pressa com que trocava os passos não vinha de compromissos atrasados mas da ansiedade que lhe sufocava. Saía do último ensaio para a Ópera Carmen, nada podia ser tão perfeito. Sua ópera favorita, a língua? francês... não aquele arranhado que destrói gargantas mas o brando de suas vedettes favoritas que agora, mais clássica, ela entendia de onde vinha. E no papel principal, nenhum gordo bufante tenor das alturas... mas o raro Barítono/Tenor elegante, charmoso, e absolutamente sedutor no seu francês com sotaque espanhol...
Perdida em devaneios, voilà que ele surge sabe-se lá de onde, como se essa história toda não fosse real. Vestido ainda de Don Juan, ele flutua e ela amolece. Todas as partituras voam de suas mãos, só para aprontar-lhe essa falseta, um barulho estrondoso de pastas caindo no assoalho e a vergonha de ser tão desastrada na frente do seu maior ídolo...
Ela se abaixa, rubra pra recolher suas árias e sua alma que lhe pulou da boca... E Placido se abaixa antes, recolhe tudo com esmero e ao se levantar puxa uma rosa do vaso e a entrega para a moça.
Pronto, tudo está feito, depois de contar para todas as amigas, ela pode morrer em paz!
Seria uma bela história se não fosse verdade!

Eu não sei pra onde mesmo que vou, mas vou até o fim!

Quando nasci veio um anjo safado, um chato dum querubim, que me contou que eu ia ser facilmente influenciável até o fiiiiiimmmm!
Depois de passar o desespero da TPM e 2 barras de milka avelã (um record de consumo, devo dizer) começo a voltar a normalidade. Normalidade essa q Freud, já proclamara, não existe!
Então, voltei a neurose de costume, não aquela que beira a psicose e me faz desejar assassinar rivais, mas a que se sacode com problemas pequenos e que morre de amor.
Depois de ter sido francamente ignorada na apresentação de canto e ter me sentido a última das mortais, agora volto a pensar com mais frescor. Nova apresentação em março e a francesinha aqui vai cantar Padam, invejem ok? rssss
Eu sempre profetizo um futuro tragicômico pra mim mesma, "Ei vc vai cantar aquela música francesa tá?" "o.O".
E lá estarei eu, a garota louca vestida de Piaf, cantando a música q tem tudo a ver com ópera... com gosto de velharia pros outros e de "madeleine" pra mim... Sim, eu vou em busca do tempo perdido agora! Ou do tempo q nem mesmo vivi!
Antes de entrar no palco vou segurar a cruz de esmeraldas e sacudir três vezes, depois faço o sinal da cruz três vezes. Uma mania de cada!
Bastaram 5 palavras gentis por parte do tenor pra mezzo-soprano aqui se sentir a próxima Cecília Bartoli e esquecer q tem gente que toca piano, clarinete e canta Norah Jones.
"Sua voz é muito rica, não consigo te definir"
E voilà que a inclassificável qse explodiu!
Dã, como eu sou tonta, meus vocalizes estão mais pra "Ma pomme, c'est MOOOOIII, MOOOOII". Mas eu vou entrar menos no msn e tentar ensaiar todos os dias.
Engraçado como essas duas se alternam na minha consciência, eu tenho dias de Piaf depressão profunda e "nunca ninguém me falou que eu cantava mal, ouviu Raymond?"
E dias de Mimi de "J'ai beaucoup à aprendre", e de "J'écoute tout ce que Johnny dit parce que je pense qu'il a raison".
Eu to Mimi e o "Marc" precisa ser meu exclusivo... Mais um tempinho e tudo se encaixa!
"E se de repente a gente não sentisse a dor que a gente finge e sente?"