domingo, 24 de outubro de 2010

Mario Vargas Llosa

    E pr'aqueles que esperam um super comentário cult sobre o Mario, ha, se foderam. hehehe. Só quero fazer um texto amoroso sobre a minha relação com os seus romances.

    Tudo começou (há um tempo atrás na ilha do soooool (não consigo deixar as referências culturais imbecis de lado)) ainda na facs, no curso de América Independente com o Julio. Curso que abandonei num primeiro momento, por achar inflado de datas e fatos, não tive a paciência necessária de esperar a segunda aula e fui fazer Maria Lygia. Não me arrependo, ela foi um grande amor e eu ralei bastante no curso. Mas o bom filho a casa torna e eu voltei pro Julito, na versão 2 do mesmo curso.

    Trabalho final: uma resenha de um romance latino-americano. Oh Cristo, até hoje eu não sei bem o que é uma resenha e nem o que rola aqui nos países vizinhos. Da lista disponível, fiz uma escolha nerd idiota, escolhi o preferido do professor.

    Primeiro selecionei 2: "A cidade os cachorros" e "Santa Evita". O queridinho do prof e o outro por ser uma menina. Mas a Evita estava tão cara que levei o livro mais moleque. Impressionantemente bem escrito. Mesmo q eu não tivesse gostado propriamente da história, era tão criativa a maneira de construir o romance, trocando de narrador a cada capítulo; eram as frases tão bem feitas que eu me apaixonei pelo cara. Pelo cara e pelo prof, claro! Resultado: tirei 9,5 no trabalho! Gracias!

    A partir dái, achei que precisava ler outro e outro e mais outro. Continuei com "Travessuras da Menina Má", que cimentou minha relação com o Mario. Os traços biográficos presentes nas obras me cativava ainda mais, nada mais "eu" do que um peruano que queria morar em Paris; mesmo a sociedade peruana dizia muitas coisas sobre a minha realidade, e o garoto apaixonadinho ainda mais.

    Li na sequência "Tia Julia e o escrevinhador" e esse se tornou o meu livro preferido dele, o romance misturado com capítulos de radionovela me deixaram absolutamente encantada, casar com a tia, ainda mais. E além disso, tudo acaba né, pra variar.

    Conheci uma outra fã do cara e aí lemos "Elogio da Madrasta", surpreendente! E a continuação "Os Cadernos de Dom Rigoberto", rigolant! E pra continuar lendo, engatei "Pantaleão e as Visitadoras" que me arrancou gargalhadas além de fatos inteligentemente caçoados como a adoração de um menino crucificado. Já "Quem matou Palomino Molero?" não achei dos melhores, mas já estou com a lista de próximos.

   Sei que depois de tudo isso, abri o site do ig numa bela manhã de sol, rss, e lá estava o cara, cabelos brancos mas ainda posando de gatinho, com o Nobel nas costas! Quase saí cantando "Por una cabeza", porque me senti uma apostadora de corrida de cavalos, acertei o cara certo! Quase fui também, correndo e gritando pro Peru, comemorar com a galera, algo que me causou tanta felicidade como uma Copa do Mundo, só que com muito mais intensidade.

   Depois, sessão de autógrafos, havia uma militante infiltrada na maldita Porto Alegre, mas era agente dupla e conseguiu o autógrafo apenas para si mesma. Veí, só pra desabafar: Quem foi que falou que Porto Alegre é mais culthiiiii do que São Paulo? Não entendi ainda porque ele não veio pra USP que é muito mais fodona! HOHO

   Mas uma coisa é certa: mesmo que eu resolva ser fã do cara que revira o lixo da minha rua, no exato momento em que eu quiser um autógrafo, ele recusará.

   Resumindo: Mesmo que os idiotas do Nobel tenham escolhido motivos políticos para justificar o prêmio, o Mario tem talento de sobra para merecê-lo! E como disse o Garcia Marquez, (que também amo) eles agora estão quites, uma cantada na mulher alheia, um soco e um Nobel pra cada lado!

Cara Nova

     Não sei por que minha relação com esse blog é tão distante. Claro que eu cobro muito de mim mesma e tenho vergonha de publicar qualquer bobagem. Mas além disso, por mais que eu tente, não consigo emular continuidade. Sou obrigada a mudar o título do blog a cada longa estiagem, já que "tout s'en va, tout se meurt" como dizia um consigniano meu, Charles Aznavour. Ele sabe bem, como geminiano, que tudo muda e cadê meus 20 anos?

    Outra coisa a se dizer é que desde o primeiro blog lá pelos idos de 2000 (há 10 anos, direto do túnel do tempo!) até meu jeito de escrever mudou, mas o interessante é que ele não teve um ciclo evolutivo, mas involutivo, talvez imaginem que seja um dos males da internet, mas não; passei a apreciar (a dissertação de mestrado da Regina Dantas, profa do french) a idéia de tentar reproduzir, as vezes, a oralidade na escrita. E se você não é Nobel de Literatura, isso fode seu texto.

     Enfim, hoje o blog muda de vedette para a "nova onda do imperador", ou os livros ao fundo. Isso significa que farei resenhas? Óbvio que não, o Julio já faz isso enormemente bem. O novo fundo tem a ver com a minha antiga e nova profissão. Sou historiadora, por incrível que pareça, e agora estou estudando conservação e restauro de papel, mas também não falarei sobre isso aqui. Vou continuar falando sobre qualquer coisa que me venha a cabeça, sem ordem, nem nexo, mas sempre mantendo as paixões, passageiras ou não, que marcam a minha personalidade.
"E se de repente a gente não sentisse a dor que a gente finge e sente?"