terça-feira, 28 de abril de 2009

Cheese ça veut dire Fromage!

Minha vida vai seguindo de livro em livro, de semana em semana, de vocalize em vocalize. Meu consciente cambaleia, mas consegue arrastar sem tanto penar, já que bem abastecido de anti-gripais fora de contextos gripais, e de Chico Buarque que passa a bola meio murcha do seu romance de linhagem para o incontestável García Marquez. Mas Freud está sempre me acenando, como o Dumbledore no filme “Adorável Júlia”, que sempre aparecia nas horas mais desesperadoras para corrigir a atuação da personagem principal na sua vida real, criticando ou aplaudindo, piscando e dando balinhas de limão.

Sim, o Sig vem sempre me lembrar de que o inconsciente ainda dita as regras no mundo da psicanálise e que as minhas angústias inexplicáveis são tão idiotamente explicáveis como o laço no sapato que custei a aprender a fazer.

Depois de uma agradabilíssima conversa no msn, onde eu sonhava em francês com uma Paris tão moderna e conservadora ao mesmo tempo, que me permitiria em pleno século XXI ter um legítimo mordomo francês a quem eu chamaria carinhosamente e plagiadoramente de Mon Jean.
Depois disso e de um trimedal, fui me deitar com a certeza de uma bela noite de sono, que só seria mais reconfortante se o dia seguinte fosse um ensolarado sábado de verão.

5 minutos mais tarde, estava eu na minha garagem, de onde Ana Gabriela, uma contralto com uma tessitura um pouco mais aguda que a minha, me falava, de dentro de seu carrão preto, sobre sua viagem a Las Vegas.

Já não bastava ser contralto e alcançar mais agudos que eu, ela também precisava ter no currículo um intercâmbio, mesmo que fosse no mais execrável dos países, o ultimo da minha lista de desejos.

Sim, prefiro fazer um intercâmbio no Afeganistão, mas um intercâmbio, por favor! “Ei pra que países você já foi” “Não não, eu nunca saí desse buraco”. E de repente você começa a amar tão desesperadoramente o Brasil, que começa a achar que ele é o Paradis do qual falava o Claude na música “Étranger au paradis”, sim porque afinal de contas, isso aqui é o “Pays Bleu”; ou ainda você tem a certeza de que Charles Aznavour falava do Brasil quando dizia “Emmenez-moi au Pays de Merveilles”, porque aqui tem um monte de frutas, praias e soleil a dar com pau.

Então os franceses é que deveriam estar fazendo intercâmbio no Brasil e não o contrário. Você consegue acreditar nisso durante a incrível marca de..... 1 minuto, porque você não consegue parar de se sentir envolvido por essa Minas Gerais metida a besta, porque afinal de contas é queijo que eles fazem né? Cheese qui ça veut dire fromaaaage, voilà MimiMona, une petite sourire, cheeeese.

Acontece que é difícil sorrir quando todo mundo já foi pelo menos pro Paraguai comprar muamba e você ainda está aqui, treinando francês no banho, agradecendo ao público francês por ter vindo ao seu show no Olympia e se desculpando pelo francês rudimentar.

O sonho, ou pesadelo durou uns 2 minutos, a menina abriu a porta do carro, eu sentei e ela ia me contar a emocionante aventura de ter ido a Las Vegas quando ouço um tango ao fundo que nada tem a ver com o espírito atual da tal cidade, é meu celular despertando-me as 6 da manhã, eu que tinha acabado de dormir. Levanto e vou trabalhar, eita vida besta.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Twitter, skoob skoob doo e afins.

Impressionante como eu fujo das febres e manias correndo a mil por hora e caio nelas bem na esquina.
É claro que eu tenho uma conta no twitter e já estou putíssima da vida porque já virou mania e por causa disso não consigo postar piciroca nenhuma. O treco é lento até não poder mais e depois de horas apertando o refresh e vendo a maldita baleia voadora eu já esqueci o que ia postar ou aquela frase perfeita de 5 minutos atrás já perdeu todo o sentido. Coisa que me irrita deveras!
Pq usar o twitter? No meu caso é uma maneira de fugir dos meios clássicos de comunicação virtual como o "orkut" e o "msn", porque é óbvio que esses métodos já bastante conhecidos são vigiados de perto pelo chefe, ou aquele assistente do chefe que quer te adicionar em tudo, claro, só pra te vigiar o tempo inteiro.
O Twitter seria então a salvação da lavoura, o grito de independência, o site que ninguém conhece, onde vc pode finalmente conversar tranqüilo com aquela meia dúzia de pessoas com as quais vc precisa falar.
De repente, merda do ventilador, e a bosta sai na capa da Revista Época e todas as donas de casa que assistem Sonia Abrão vão ter uma conta no twitter. E aquele assistente do chefe já tem, vc viu ele avisando isso no msn no fim de semana, é claro que está bloqueado, mas vc sempre dá uma olhada no perigo. Vc sabe que a primeira frase da segunda-feira será "posso te adicionar no twitter" e vc terá que dizer sim. Vc entra em pânico por 5 minutos e tem a idéia brilhante e ao mesmo tempo patética: Vou fazer um twitter fake! Pois é minha gente, é difícil ter privacidade nessa vida maledetta.
Na verdade queremos ser famosos só com aquele círculo fechado de amigos, essa história de "mundo interligado" nunca fez a alegria de ninguém, por isso bloquear msn, album do orkut, pagina de recados, ficar invisivel, etc etc etc.
Minha mais nova mania agora é o skoob, uma rede de relacionamentos (auhauahuahuahuhau) em que vc adiciona os livros que já leu, vai ler, está lendo, emprestou e por aí vai (além de poder fazer "amigos" por afinidade de leituras).
Claro que já estão falando mal, pq os mais lidos são "Codigo da Vinci" em primeiríssimo lugar e todos os "Harry Potters" em segundíssimo lugar! E que ninguém comenta porcaria nenhuma! Bem, eu até agora só comentei um, disse que larguei o mundo de Sofia porque é um porre! E fiquei com vergonha de dizer que estava esperando um romance pedófilo entre o professor e a Sofia. É, estou bem chucra ainda! Mas vcs queriam o que? Q eu postasse meus trabalhos da faculdade sobre Hegel, Marx, Maquiavel, Rousseau etc? Pra todo mundo roubar minhas "ótimas" idéias? Nem morta!
Prefiro cadastrar todos os livros da Piaf e aquele da Mimi e ser feliz com a minha fotinha da Piaf lendo o dicionário de francês-espanhol. Se surgir algum fã, mara! Viva as redes de "relacionamento" restritas até onde eu quiser.

domingo, 19 de abril de 2009

Mari Mari Power

A quase 23 anos atrás, eu conheci a menina que ia ser a minha melhor amiga, a mais querida, amada, idolatrada salve salve, pra quem eu poderia contar todos os meus devaneios, os mais sérios e os mais absurdos, os mais divertidos e os mais loucos...

Mas eu nem liguei e acho que ela também não. Não estávamos maduras o suficiente para ser cu e bunda no jardim II. Precisávamos ter amigas do mal antes do grande encontro cabalístico de mais tarde.

Nessa tenra infância não me lembro de melhores amigas, mas de assustar marianinhas inocentes com visitas a cemitérios para ver maridos mortos de professoras... Não sei de onde eu tirava essas histórias mirabolantes, acho que era um pedido de atenção a qualquer preço. Eu era então considerada pela Mari Mari Power como "o mal com bochechas". E ela era, enfim "Power" com seus cabelos enormes...

Mais tarde entrávamos no fundamental I e aí ela era uma das tchongas que tinha a pachorra de me dizer "vamos lanchar?" Que tipo de ser humano com 8 anos tem o verbo "lanchar" no seu vocabulário??? Só a Mari mesmo! Pra mim era comer mesmo, coisa que eu fazia com a Fernanda... porque éramos suuuper legais, achava eu. E a Mari ficava com a Débora, do mesmo grupo dela.

Mudei de escola e da 5ª a 8ª nem sequer me lembrava da Mariana, até ela me aparecer no 1º colegial bem mais legal e num momento em que nem eu nem ela estávamos assim tão bem servidas de melhores amigas. Ainda demorou um ano para que eu visitasse a sua mesa de 5 em 5 minutos. Para que eu lhe roubasse as canetas, para que escrevesse bobagens no seu fichário e lhe telefonasse religiosamente todos os dias.

Mas quando esse momento chegou, eu finalmente pude dizer a mim mesma que eu tinha uma "melhor amiga" que realmente se preocupava comigo assim como eu me preocupava com ela. Só não conseguia aceitar o fato de que ela faltava na escola pelo menos 2 vezes por mês, que raiva! E eu? O que eu faço quando ela não está?

Depois da formatura, o que fiz foi continuar ligando, mesmo que fosse pra sofrer pq ela tinha novas amigas, mas na maioria das vezes era pra rir porque tínhamos alguma nova paixão cinematográfica ou televisiva... um novo ator, nova série, lost, house.. E sempre pra comentar com uma inteligência ímpar coisas banais... uma das coisas que mais me diverte nessa vida maledeta.

E agora lá está ela vivendo meu sonho, tudo bem que eu tenho um carro né benhê, mas ela tá na França e isso é mais do que um sonho!!!!

Mas não to com uma inveja má de você Mari, estou super feliz por você e não quero que fique triste aí.

Saia correndo e gritando, porque esse é o nosso lema eterno, e nao esqueça de fazer um instante de silêncio pras coisas ótimas, como as baguetes por exemplo.
E se não estiver mais afim do curso, fuja, porque vc não é obrigada, ta?!
Converse na rua com as pessoas fofinhas e do bem e procure não dizer só mercis, porque afinal de contas quero ouvir : A Mari beijou ontem versão parisiense!

Te AMOOOOO MUUUUUUITOOOOO MARI!!!
Volte logo pra gente correr e gritar!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Lusnimim em palcos azuis...

Já que comecei a postar músicas, só mais um trechinho, do Chico, claro!

"Luz, quero luz
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
Com palcos atrás
Arranca, vida
Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa,
Pulsa, pulsa mais
Mais, quero mais
Nem que todos os barcos
Recolham ao cais
Que os faróis da costeira
Me lancem sinais
Arranca, vida
Estufa, vela
Me leva, leva longe
Longe, leva mais"

Quero tudo ter, estrela, flor, estilo!

Trabalho a 2 longas horas de casa, e isso me faz gastar 4 horas diárias de vida só indo e voltando, num chacoalhar inútil que me impede de dormir, de ler e só me resta enjoar das mesmas músicas, todo dia.

Ontem lutava com uma luzinha vagabunda do teto pra ler as últimas páginas do "Leite Derramado", ansiosa por verdades absolutas geminianas que pudessem mudar meu terrível estado de humor. Tudo em vão, as verdades vieram, mas nuas como só elas, e na hora instaurou-se em mim a mais aguda desesperança. Idéias que terminam inconclusas. Não sei por que minha vida é uma sequência de projetos inacabados, mudar de idéia ou perder o pique, que bom se fosse sempre a primeira das opções.

Tudo isso pra ganhar uma miserinha que não posso gastar, lamentei amargamente os 36 reais do livro do Chico pq cada centavo é um centímetro de cimenticola quartzolite pra comprar minha casa. Depois de 9 horas dentro dessa sala infernal, e mais 1 de compensação, vejo que minha energia do dia ja foi pro saco e quando eu chego em casa, meu tempo deveria ser de vocalizes e não de choro e ranger de dentes... Mas não tenho ânimo nem pra entrar na internet.

No percurso irritante do trabalho pra casa, vem a Vivo me encher o saco, que tenho que ser pós-paga, eu aceito idiotamente, a ligação cai e eu me arrependo. Quero saber quanto eu gasto, eu preciso ter o controle sobre o meu dinheiro, sempre juntando, sempre agonizando com dívidas idiotas com as quais eu não precisaria me preocupar de verdade.

Chego em casa e meu pai vem me falar de imposto de renda e sobre a poupança que ele abriu pra mim quando eu ainda era menor de idade. Hoje em dia parece que essa época pertence a um passado tão distante que mal me lembro, e quando lembro é com saudades de quando minha única preocupação era chorar por não decorar mitose e meiose enquanto eu bebia um copão de leite com chocolate com saudades da época que eu ainda mamava no peito e nem me lembro.

O assunto é esse, o imposto de renda achou a poupança e quer cobrar do meu pai, sendo que já passei ela pro meu nome a séculos. Resultado, agora ele sabe exatamente o meu saldo bancário. Quem sabe ele não repete sua frase costumeira com mais propriedade? "Ta precisando pagar o francês? gasta do seu dinheirinho!" Como se eu fosse uma criança que deixou de comer na cantina um mês pra juntar e comprar uma Barbie. Ele não percebe que eu cresci e preciso de uma casa, que não a casa da Barbie, que ele nunca me deu.
E ele ainda achou em princípio, que os 50 reais que ele colocou lá em 1924 renderam tanto que eu ia ficar feliz em ver. Por favor, me digam que é palhaçada!

Enquanto eu penso nas minhas mazelas, tem gente que não mora lá longe e chacoalha no trem da central, ao contrário, tem a pachorra de odiar o metrô parisiense.

Minha cabeça explodindo, a água fervendo nas minhas costas e uma musiquinha me atormentando:

Eu quis ser eu mesmo
Eu quis ser alguém
Mas sou como os outros
Que não são ninguém
Acho que eu fico mesmo diferente
Quando falo tudo o que penso realmente
Mostro a todo mundo que eu não sei quem sou
E uso as palavras de um perdedor”


Era só o que eu queria, saber quem sou e quem quero ser, e ir atrás disso realmente. Mas só consegui sair do banho, me encher de tylenol, e cambalear até a calma, já meio tonta.
Sobrevivi a todos os males do século, não bebo, não fumo, não cheiro, não injeto, mas tomo analgésico.

“Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso seja lá o que isso for
Eu não quero aquele Eu não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo acenando tchau

Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro, se bem me lembro
O melhor futuro este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o Tejo escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o Rio Nilo
Quero tudo ter, estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo água e sal
Nada tenho vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quanto
Vida vida, noves fora, zero
Quero viver, quero ouvir, quero ver
"E se de repente a gente não sentisse a dor que a gente finge e sente?"